A palavra harpia vem do latim harpyia, que por sua vez deriva-se do grego Άρπυια ou harpuia, traduzido como “arrancadores”.
Uma segunda definição para esta nomenclatura vem do inglês moderno, onde harpy também pode ser definida como “turbilhão“. Estas duas traduções são referência às características de atuação das harpias nas lendas mitológicas.
A harpia é um monstro originário da mitologia grega que apresenta asas longas e fortes, o corpo de uma águia e a face de mulher.
Diversos textos da mitologia ainda atribuem a esta figura a semelhança com uma ave de rapina, podendo exibir ainda o corpo ou o busto de uma mulher.
Os gregos descreviam as harpias como criaturas belas, no entanto, os romanos destacavam a feiura e monstruosidade dessas figuras, uma possibilidade é que os romanos se referiam a personalidade destes seres por isso destacavam a feiura como uma de suas características..
Conta a lenda que as harpias sobrevoam com grande velocidade os céus do mundo Grego. Suas garras eram capazes de cortar um homem ao meio e os seus olhos poderiam enxergam a longas distâncias.
Zeus, usava as harpias para punir e castigar, por isso estas criaturas eram conhecidas como “os cães de caça de Zeus”. Um famoso exemplo da ação das harpias a serviço de Zeus é a história que envolve o rei Phineas da Trácia.
A crueldade das harpias foi descrita em diversos textos da mitologia e se mantém em referências mais atuais a estes monstros.
Muitas vezes as harpias são associadas ao vento e ao ar e, por vezes, são vistas como representando a dualidade do ar: calma e graciosidade, mas também a grande capacidade de destruição e caos. Como os deuses e o vento, as harpias eram consideradas imortais.
O mito da Harpia Mitologia Grega
Fazia um vento muito forte e ela nasceu, mais uma harpia linda e feroz. Dentro do último turbilhão barulhento cresceram as suas garras, as suas asas, os seus olhos puxados.
Ela conseguiu ver ao longe e avistou outras criaturas parecidas com aquele corpo recém-criado. Eram criaturas maiores, imponentes, com asas enormes e castanhas, cabelos negros ao vento e garras afiadas.
Ela sentiu um reconhecimento da sua imagem e começou a escutar grunhidos distantes. Foi possível avistar uma parte da ilha, com vegetação mediterrânea e muitas pedras, com um céu azul brilhante ao fundo.
Ela parou de observar quando uma criatura maior se aproximou, a pegou e a levou para uma grande sala, cheia de outras pequenas aves-meninas como ela.
– Este é o novo grupo de harpias! Nasceram do turbilhão de Estrófades, a mando de Zeus, pai dos deuses e dos homens, para punir Phineas pela eternidade!
A pequena harpia foi então apresentava ao seu destino: deveria punir o rei Phineas da Trácia pela ira criada em Zeus.
Phineas era um homem bom, forte, moreno, com alguns cabelos grisalhos, mas que falava demais.
As profecias de Phineas afrontaram muitos deuses, muitos homens e até mesmo as harpias. Zeus foi complacente por muitos anos, no entanto, quando Phineas revelou aos homens que Zeus criaria o semi-deus Hércules e que ele governaria o mundo, não houve mais redenção.
Phineas foi tirado do trono de Trácia e atirado na ilha de Estrófades, onde habitam as harpias.
E todo um ciclo de punição foi gerado, para que cada harpia nascida de um turbilhão de vento pudesse punir Phineas por seus erros.
A família de harpias cuidava das aves-meninas por sete dias até que elas atingissem a maturidade para trabalhar a serviço de Zeus.
Após sete dias as harpias eram nomeadas e recebiam cargos, de acordo com as suas habilidades. Uma harpia chefe era responsável por cada escolha e de cima do Olímpio Zeus supervisionava todo o processo.
A pequena harpia nascida do último turbilhão não foi capaz de esperar os sete dias e na sexta tarde em Estrófades voo tão rápido quanto nunca se foi visto antes.
Zeus desceu do Olímpio no mesmo instante e buscou pela harpia de voo precoce, nomeando-a como Ocípite que significa “a rápida no voo”.
Ocípite era tão veloz que fazia o serviço de outras cem harpias. Suas asas eram fortes, majestosas, com penas longas e cheias.
Seu corpo era leve, porém musculoso, com garras mais afiadas que as espadas dos homens. Phineas temia a Ocípite muito mais do que a outras harpias; ele sabia que o seu voo era veloz e que suas garras eram mais afiadas do que sua fina pele poderia aguentar.
Por vezes, Phineas foi ferido pelas garras de Ocípite e se sentia aliviado quando outras harpias se aproximavam, porque assim conseguia comer pequenos pedaços de pão que escondia entre os dedos.
As outras harpias conseguiram perceber a diferença em Ocípite, surgindo inveja, boicotes e muitas brigas. Claramente Zeus demonstrada a sua preferência por Ocípite, o que aumentava os conflitos entre as outras harpias.
Em uma manhã de tempestade, Zeus se cansou dos grunhidos estridentes das harpias e desceu mais uma vez para Estrófades. Reunindo todas as harpias na sala central, Zeus fez parar os ventos:
– Eu ordeno que se calem! (E um silêncio assustador dominou o lugar). Desejo que todo o conflito entre as harpias se desfaçam, por isso irei desconstruir o ciclo de punição criado para Phineas.
Não mais nascerá uma única harpia com o objetivo de punir o rei da Trácia, não mais criarei um único turbilhão de vento que origine aves-meninas. É uma ordem! Deste dia em diante e até a eternidade apenas uma harpia será responsável por punir os erros de Phineas: Ocípite, a harpia mais rápida de todos os séculos!
Houve mais silencio. As harpias foram dispensadas e começaram outros afazeres da vida em Estrófades, ora, porque com o ciclo de punição, as harpias não tinham tempo para cuidar da ilha ou explorar outras partes da terra.
Ocípite orgulhou-se da escolha de Zeus e aceitou com satisfação o seu destino. Assim, nasceu a harpia mais rápida da mitologia grega, um monstro forte e gracioso, responsável por todos os dias de castigo do rei profeta da Trácia.
Curiosidades sobre a Harpia – Mitologia Grega
A harpia é considerada um monstro de segundo nível da mitologia grega, por ser mais representada em obras de artes do que na literatura mitológica, embora possam ocasionalmente ser usadas na cultura popular de hoje.
A teoria sobre a origem da harpia ainda é incerta, não existindo um consenso generalizado. Foi sugerido que as Harpias foram originalmente adaptadas dos ornamentos em caldeiras de bronze do Reino de Urartu, conhecido reino da Idade do Ferro centrado ao redor do lago Van no planalto Armênio.
Outros estudiosos destacam que esta teoria se baseia na ideia de que as Harpias eram monstros de pássaros com cabeças humanas, o que não era verdade nos mitos originais.
Originalmente, as Harpias foram concebidas como espíritos do vento, a personificação de uma ocorrência da natureza que é frequente em culturas antigas. O céu era um lugar significativo para os antigos gregos, e muito parecido com as partes mais profundas do oceano, era reverenciado porque era inacessível.
O Monte Olimpo, o reino dos deuses, estava localizado no alto do céu portanto, a atmosfera e o clima se tornaram associados aos caprichos dos deuses. Portanto, é concebível que a ideia das Harpias possa ter vindo dos ventos que mudam consistentemente. Não foi até mais tarde que as Harpias receberam uma forma física, por causa da narração de histórias.