Podemos definir o Folclore como uma mistura de lendas e mitos que passam de geração para geração por meio da oralidade. As lendas na maioria das vezes se tornam por fofocas mal contadas ou pela imaginação das pessoas. Mas muitas são estórias, que são criadas para passar mensagens importantes, ou até mesmo só para assustar as pessoas.
Folclore brasileiro – Saci
Nome de origem tupi-guarani, o Saci-pererê é uma das lendas brasileiras mais conhecidas. É representada por um menino negro que possui uma perna só. Além disso, fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos. Muito brincalhão e travesso, o Saci surge como um redemoinho e gosta de assustar pessoas.
Poema sobre o Saci-Pererê
Nosso primeiro poema é da escritora Cleonice Rainho. Neste poema ela fala sobre o Menino de uma perna só, o Saci Pererê.
Saci-Pererê
Bonequinho preto
de uma perna só,
cachimbo na boca
e gorro vermelho
— fogo vivo de suas magias.Original e engraçadinho
podia ser de qualquer cor
ou de qualquer raça,
esse negrinho,
pois já virou
até passarinho… Molequinho esperto
levado, faz artes
como Pedro Malazartes
e pelas estradas
aos viajantes persegue
— traidor como quê
esse Saci-Pererê.Mas no nosso carro,
ele dança e pula
com um pé só,
sem ouvir vovó
que conta sua lenda e diz:
— Pra nós é um mascote,
símbolo de sorte
dessa viagem feliz.
Cleonice Rainho
Lendas do folclore brasileiro – Curupira
Personagem travesso do folclore brasileiro, o Curupira é uma representação de um menino com cabelos vermelhos e pés virados para trás. A origem do nome é tupi-guarani e significa “corpo de menino”. Protetor da fauna e da flora, o Curupira assobia e deixa pegadas com seus pés virados. O objetivo é enganar aqueles que invadem a floresta com o objetivo de caçar ou derrubar as árvores.
O poema “O Curupira” é uma obra do autor Elias José (1936-2008). Esta fala sobre o Cuidador das matas, temido pelos caçadores e pessoas que querem fazer mal à floresta e os animais.
O Curupira
Seu Curupira, dono da mata,
como é, como é você?
Quem já viu o Curupira
cai sempre em contradição:
uns falam que ele é gigante,
outros, que é um curumim
e outros, que é um anão.
Uns falam que ele se mostra,
outros dizem que se escondem
bem dentro do breu da noite.
Mas ninguém duvida, jamais,
que o Curupira protege
as matas e as florestas
e é o senhor dos animais.
E o Curupira, se vê um caçador,
vira mágico e vira a mata.
Dá sinais, engana e pia,
assobia e espanta as aves
e espanta os outros animais.
E assim ele desvia a morte
e desvia dos caminhos o caçador.
Se o caçador não se retira
vira fera o Curupira,
Os pêlos soltam-se do corpo,
monta num porco-espinho
e, com ira, o Curupira se atira
pra cima do caçador.
Na mata, o caçador já não mata:
chegou seu dia de caça,
vira caça do Curupira.
E o Curupira, se vê um lenhador,
brinca de esconde-esconde
Só pra defender a floresta,
nos troncos ele se esconde.
O corpo se encolhe pra dentro,
a queixada e as imensas orelhas
se balançam com febre pra fora.
Nervosos, os galhos de agitam
e os pêlos do Curupira se arrepiam
e soltam mil choques e luzes.
O lenhador quase pira:
pega o machado, dá no pira,
sem ver que era o Curupira.
E o Curupira só ternura inspira
aos habitantes da mata.
Mas quem mata ou destrói a mata
vai ter que enfrentar a ira
do valente Curupira.
Seu Curupira, dono da mata,
como é, como é você?
Elias José
Lendas do Folclore – Mula sem Cabeça
A Mula sem cabeça e um monstro do folclore brasileiro que se manifesta quando uma mulher namora um padre. Por maldição ela é transformada em mula.
Esta personagem é uma das pessoas que vivem em um lugar onde se encontram. No entanto, há muitas versões que variam de região para região do Brasil.
Em seguida temos um Cordel de autoria da potiguara Sírlia Souza de Lima, escritora professora e autora do livro Contos Encantados Em Cordel. Este sobre a Temida Mula sem cabeça.
Desde o século XII
Os padres tem uma rotina
De celebrar as missas
Usando sua batina
Mas não pode se casar
A igreja determinaDepois de muito pensar
Um padre do interior
Resolveu largar a igreja
Ir atrás do seu amor
Ao encontrar a sua amada
A mãe da moça sentiu pavorA mãe da moça falou
Filha eu estou desesperada
Se você casar com um padre
Você será transformada
Numa mula sem cabeça
Essa história tão faladaAo casar com padre
Uma mula vais virar
Seja marrom ou preta
Sei que é de assustar
Ela não tem cabeça
Só tem fogo em seu lugarMesmo assim os namorados
Resolveram se casar
Não deram importância
As crendices do lugar
Na noite de quinta para sexta
Puderam constatarA mulher se transformou
Numa mula inclemente
Correndo atrás do povo
Do brilho da unha e do dente
Se avistar uma mula
Saia de sua frenteA mãe da moça sabia
Como quebrar o encanto
Puxou os arreios da mula
Puxando-os da boca pelo canto
O feitiço se quebrou
E a moça chorou em prantoO casal de namorados
Conseguiu escapar
Mas é bom tomar cuidado
E não facilitar
Ao invés de um padre
Arranje outro para casarNas histórias do povo
Eu costumo acreditar
Dizem que ainda existem
Muitas mulas a rondar
E padres montados nelas
Sem o encanto quebrar
Lendas do folclore brasileiro – Lobisomem
Esta lenda retrata um monstro violento com formas humanas e de lobo, que se alimenta de sangue. Acredita-se que quando uma mulher tem sete filhas e o oitavo filho é homem, esse último provavelmente será um Lobisomem. Em algumas versões, a lenda apresenta outras características, como a manifestação do Lobisomem em crianças não batizadas. A transformação do homem em Lobisomem ocorre nas encruzilhadas em noites de lua cheia por volta da meia-noite. Ao amanhecer, ele torna-se novamente humano.
O poema de Antônio Cicero da Silva escritor paulistano, fala de um possível encontro com o Lobisomem, uma dos mais temidos personagens do folclore brasileiro.
Encontro com lobisomem
Dizem que lobisomem
É meio bicho e meio homem
Que nas noites de lua cheia
A tudo que encontra consome.
É folclore no Brasil
Mas alguém fala existir
É monstro feio cabeludo
Ao falar dele todos param de rir.
O lobisomem rasga os cachorros
Por onde passa deixa o rastro
É sanguinário é bestial
Maltrata os animais no pasto.
Encontrei com um lobisomem
Quando ia namorar
A noiva morava no sítio
Nem gosto disso lembrar.
Ele olhou para mim
Com aqueles olhos terríveis
Olhos grandes e rasgados
Janelas pro invisível.
Enfrentei o lobisomem
Ora parecia bicho, ora parecia homem
Com urros terríveis
O medo quase me consome.
Quase vim a desmaiar
Quando veio me pegar
Parecia do além
Situação difícil para alguém.
Criei força e coragem
Ferveu nas veias o sangue nordestino
Aquilo para mim era visagem
Morrer ali seria meu destino?
Nada disso, chamei por Deus e Jesus
O bicho me perseguia
Era violento e terrível à vista
Momentos que para ninguém eu queria.
O monstro quase me abraçou
Abraço temível sem amor
Minha blusa com as unhas tirou
Quase minha pele devorou.
Acertei-o com um murro
Era duro como pedra
Quase quebrei a mão
Ao bater naquela fera.
Ao procurar sacar a arma
O bicho não me dava chance
Pulava pra cima de mim
Estava mais feio que antes.
Consegui ferir o bicho
Que soltou um alto grito
Na mata ele entrou, não sei o que ele era
E nunca mais voltou…
Antônio Cícero da Silva
Lendas do folclore – Boitatá
Na língua indígena Tupi-Guarani, Boitatá significa “cobra de fogo”. Esse personagem folclórico é representado por uma grande serpente de fogo que protege os animais e comanda as matas. Esta lenda muda de região para região. Alguns dizem que ao encontrar essa criatura você deve imediatamente fechar os olhos e tampar sua respiração, pois você pode morrer ou ficar louco.
O seguinte poema é de autoria de Eglin, um escritor brasileiro nascido em Ponta Grossa/Paraná. Neste, poema ele narra a lenda do Boitatá a serpente de fogo.
Lenda do Boitatá
Boitatá era uma espécie de cobra,
De um grande dilúvio sobreviveu,
Fugiu num buraco fazendo manobra,
E o olho dela bastante cresceu.
Pelos campos vive sempre a vagar,
Assume as vezes forma de cobra,
É facho de fogo em qualquer lugar,
Restos de animais ela busca a sobra.
Baê-tata chamados pelos índios,
No nordeste “Cumadre Fulôzinha”,
Coisa de fogo do fundos dos rios,
Ali ela reina quase sempre sozinha.
Fogo-fátuo é um fenômeno da ciência,
Gases inflamáveis dos pântanos emanam,
Lá vai a minha pequena advertência,
Tochas em movimento somente enganam.
Persegue todo noturno viajante ,
Ao ver o fogo saem correndo,
O homem apavorado e bem ofegante,
Geralmente ao vê-la foge tremendo.
Dizem que é espírito de gente ruim
Ou simplesmente uma alma penada,
Por onde passa o fogo é assim,
Para muitos é apenas cobra criada.
Alguns dizem que as matas protege,
Contra incêndios e qualquer queimada,
Protetor dos campos a lenda o elege,
Pelo fogo ou medo numa só passada.
Serpente de fogo durante a noite.
Mas de dia se torna muito cego,
Para outro lado da mata é açoite,
Pobre daquele que por ela for pego.
Eglin
Lendas do folclore brasileiro – Boto
Reza a lenda que nas noites de Festas Juninas o boto, animal dos rios da Amazônia, saia dos rios e transformava-se num homem muito atraente. Seu objetivo é atrair e seduzir como mulheres para leva-las ao fundo dos rios e acasalar. Por este motivo, a cultura amazônica costuma afirmar que é o pai e filho de origem desconhecida.
No cordel seguinte temos a lenda do peixe que vira homem, o Boto cor-de-rosa. Esse cordel foi feito pelo escritor Jerson Brito.
A lenda do Boto
Morador muito querido
Dos rios da Amazônia
Animal bem conhecido
Do Pará até Rondônia
Parecido com golfinho
Gracioso esse bichinho
Beleza não se contesta
Sobre o boto cor-de-rosa
Tem uma lenda famosa
Nas entranhas da floresta
Em certas localidades
À noite, das águas sai
Durante as festividades
Converter-se em homem vai
Sujeito belo, elegante
Criatura fascinante
Com a branca vestimenta
Visual irretocável
Um terno alvo, impecável
Esse camarada ostenta
A transformação citada
Contudo, não é perfeita
A figura é adornada
Um chapéu branco enfeita
Usados pra respirar
Precisa ele ocultar
Da cabeça os orifícios
Humano quase total
Detalhes do animal
Ficaram como resquícios
Cavalheiro sedutor
Depois da metamorfose
Gentil e encantador
Provoca certa hipnose
Faz sucesso c’as mocinhas
Sempre escolhe as bonitinhas
Pra ficarem do seu lado
Pra margem do rio ou praia
Arrasta o “rabo de saia”
Seu intento é consumado
Em um clima de magia
Os afagos não se nega
O seu desejo sacia
O casal é pura entrega
Sem sequer dizer o nome
Depois disso, ele some
Sem voltar na redondeza
Ocorre a fecundação
Do fruto da gestação
Foi-se o pai, que malvadeza!
Esse folclore da gente
Tem estórias cativantes
Sobre esta, comumente
Dizem vários habitantes
Quando mulher engravida
E sendo desconhecida
“Autoria” masculina
Esse aí, já fiques certa
Deve ser, não foste esperta
“Filho do Boto”, menina!
Jerson Brito
Lendas do folclore brasileiro – Cuca
A lenda Folclórica da Cuca está associada a todas as vezes com o “bicho papão”. Ela é uma personagem muito temida por crianças, uma velha feia e malvada com cara de jacaré que raramente dorme. Assim, sua personagem está associada ao rapto de crianças desobedientes e não é para dormir. Por isso, uma cantiga de ninar diz: “Nana neném que a Cuca vem pegar”.
Em seguida temos uma música que foi criada por compositora Cássia Eller para personagem da Cuca na série de TV “Sítio do Pica-Pau amarelo”, transmitida pela TV Globo.
A Cuca te pega
Cuidado Com a Cuca
Que a Cuca te pega
E pega daqui
E pega de lá
A Cuca é malvada
E secura irritada
A Cuca zangada
Cuidado com ela
A Cuca é matreira
E sechal zangada
A Cuca é danada
Cuidado com ela
Cuidado com uma Cuca
Que a Cuca te pega
E pega daqui
E pega de lá
A Cuca é malvada
E secura irritada
A Cuca zangada
Cuidado com ela
Cuidado com uma Cuca
Que a Cuca te pega
A Cuca é danada
Ela vai te pegar.
Cássia Eller
Folclore Brasileiro – Negrinho do Pastoreio
Uma lenda do Negrinho do Pastoreio conta a história de um menino escravo que tinha um patrão maldoso. Quando foi pastorear os cavalos, acabou perdendo um cavalo. Após isso foi violentamente agredido pelo fazendeiro e jogado num formigueiro. Dizem que o Negrinho do pastoreio aparece sem marcas no corpo. Ele surge ao lado da Virgem Maria e montado no cavalo baio. Muitas vezes como pessoas que perderam algum objeto acendem uma vela e pedem para o Negrinho para ajudar.
O Negrinho do Pastoreio
Acendo essa vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que eu perdi
Negrinho do Pastoreio
Traz a mim o meu rincão
Eu te acendo essa velinha
Nela está o meu coração
Quero rever o meu pago
Coloreado de pitanga
Quero ver a
gauchinha Um brincar na água da sanga
E a trotear pelas coxilhas
Respirando uma liberdade
Que eu perdi naquele dia em que
eu embretei na cidade “.
Rosane Volpato
Lendas do Folclore – Iara
Iara significa “Senhora das Águas”. Esta personagem é representada por uma sereia belíssima que atrai os pescadores com suas canções a fim de matá-los. Antes de ser uma sereia, Iara era uma índia bela e inteligente que despertava muita inveja, inclusive de seus irmãos. Assim, para acabarem com o problema, os irmãos resolvem matá-la. No entanto, é ela que os mata. Como uma punição, Iara é lançada no encontro do Rio Negro e Solimões e, a partir daí, torna-se uma sereia com o objetivo de matar os homens.
Neste poema o escritor Jerson Brito, conta uma lenda da sereia dos rios que encanta os homens com seu canto, levando à morte.
Iara, uma sereia dos rios
Reza a lenda que Iara
Por sua beleza rara
Era estrela na ocara *
Uma índia encantadora
Por isso, recebedora
Dos elogios paternos
Mas ante os olhos fraternos
Da inveja atiçadora
Seus irmãos não suportavam
Aquilo que observaram
Sua morte planejavam
Até que seja chegado ao dia
À noite, quando dormia
Tentaram cumprir o plano
Mas aquilo para insano
Iara mui bem ouvia
Aguçada a audição
Essa movimentação
Percebeu, ea reação
Depois de escutar como vozes
Foi matar os seus algoritmos
Fazendo isso fugitivo
Pegá-the o pai conseguido
Punições eram ferozes
No encontro de rio famoso
Solimões, tão caudaloso
C’o Negro bem grandioso
Pelo pai pajé jogada
À tona depois levada
A garota da aldeia
Numa formosa sereia
Foi por peixes transformada
Uma figura estonteante
Cabelo longo, brilhante
Melodia cativante
Ela canta, irresistível
Não fascínio indescritível
Os homens semper deliram
E dentro do rio se atiram
Seduz de moda incrível
Eis a historia resumida
Da Mãe de Água conhecida
Pelos índios tão temida
Por causa do seu poder
Se chega o
entardecer Não passam perto de rios
Porque
sentem calafrios Têm medo de se envolver
Jerson Brito
O que é o folclore brasileiro?
u003ca href=u0022https://mundoeducacao.uol.com.br/folcloreu0022 class=u0022rank-math-linku0022u003e São exemplos mitos, lendas, brincadeiras, danças, festas, comidas típicas e demais costumes que são transmitidos de geração para geração.u003c/au003e
O que é o folclore e como surgiu?
A palavra u003cstrongu003efolclore foi criadau003c/strongu003e no século XIX e sua origem está associada ao idioma inglês. O termo em português é um aportuguesamento de folklore e, no inglês, deriva de folk-lore, termo proposto pelo escritor William John Thoms, em 1846.u003cbru003e
Para que serve o folclore brasileiro?
Mas para que um certo costume seja realmente considerado u003cstrongu003efolcloreu003c/strongu003e, dizem os estudiosos que é preciso que este seja praticado por um grande número de pessoas e que também tenha origem anônima.
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