O Brasil é repleto de lendas e contos indígenas, na maioria das vezes lendas assustadoras e bizarras.
Lendas com raízes antigas, vindas de várias gerações de índios, historias contadas oralmente em rodas de contos ao redor da fogueira.
1 – Lendas Indígenas da Amazônia – Matinta Pereira
Durante a noite, um assobio arrepiante é ouvido de qualquer lugar, este som agudo perturba o sono de quem tenta ignorar, derrepente o dono da casa faz a promessa: “Matinta, pode passar amanhã aqui para pegar seu tabaco.”
No dia seguinte uma senhora idosa aparece na residência onde a promessa foi feita, para buscar o fumo prometido. Esta senhora se transforma todas as noites numa criatura assustadora às vezes com asas fortes e poderosas às vezes apenas como uma velhinha maldosa.
Quando tem asas ela se torna um pássaro que voa assombrando a casa de quem será amaldiçoado. E então ela se torna uma senhora acompanhada de uma ave conhecida como rasga mortalha.
Dizem que quando Matinta está proxima de partir, ela pergunta: “Quem quer? Quem quer?”, e se alguém responder “eu quero”, pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou jóias, recebe na verdade a maldição de ser Matinta Pereira.
A Matinta Pereira – Poema de Conceição Gomes
2 – Lendas Indígenas brasileiras – Boiuna.
Boiuna é uma lenda amazônica que fala de uma imensa cobra, que cresce de forma desmensurada e ameaçadora, abandonando a floresta e passando a habitar a parte profunda dos rios. Ao rastejar pela terra firme, os sulcos que deixa se transformam nos igarapés.
Conta a lenda que a cobra-grande pode se transformar em embarcações ou outros seres. Aparece em numerosos contos indígenas. Um deles conta que em uma certa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna, deu à luz a duas crianças gêmeas. Uma delas, má, atacava os barcos, naufragando-os.
Boiúna
Do submundo das profundezas
velas negras
sudários da escuridão
flutua no bojo sombrio
mastros de ossos cortam os ventos e a névoa
a barca fantasma navega a assombrar
faróis , vitrais enigmáticos , lampejam ao luar
banzeiros naufragam embarcações
a boiúna , o enigma
o mistério da noite virá encantar
Vem no remanso soturno nos aningais
a fera das águas rasteja
seus olhos de fogo encandeiam na escuridão
a dona da noite virá
escamas de sucurijú , fogo no ar
avança sobre os igapós , a devorar
emerge a anaconda boiaçú
a dama das águas
Boiúna ! emerge das águas
Boiúna ! ceifadora de almas
anaconda , cobra grande , boiuna sucurijú
3 – Lendas indígenas da Amazônia – Mapinguari.
Parece que em qualquer lugar onde há uma floresta, há também contos de um grande animal bípede à espreita. Na América do Norte é o Pé Grande, nos Himalaias, o Yeti, e, na Amazônia, o Mapinguari.
O Mapinguari é, no entanto, mais assustador que seus semelhantes: ele persegue agressivamente humanos caçadores, em vez de correr e se esconder.
Além disso, suas descrições são bastante bizarras, incluindo ter pé de tatu virado para trás, um único olho e uma boca escancarada em seu estômago. Embora haja discordâncias sobre sua aparência, todos dizem que ele é alto, tem cheiro de morte e alho, e uma pele grossa e impenetrável.
Poema: Mapinguari – Jose Pereira dos Santos
O poema seguinte da autoria de Jose Pereira dos Santos, traz as características desse personagem tão famoso na Amazônia.
Mapinguari
O bicho é gigante e peludo,
Com apenas um olho na testa:
A boca na altura do umbigo.
Sua morada é a densa floresta.
Para uns, é igual couro de jacaré,
O que cobre corpo da criatura,
Outros dizem ser coberto de pelo,
Mas de cascos de tartarugas,
É feita a sua armadura.
Conta-se que o animal é feroz,
Não teme sequer; caçador!
Pois o aço do cano espingarda,
Num sopro, dilata sem usar calor.
Dizem que os pés do Mapinguari,
Tem formato de mão de pilão.
Quando ele anda pela mata
Deixa um rastro de destruição.
O Mapinguari emite um som
Semelhante ao grito do caçador;
Se algum desavisado responder
Ele tira-lhe a vida sem temor.
Dizem que a fera só foge,
Se um bicho preguiça aparecer.
Considerado seu parente pré-histórico
Este medo ninguém consegue entender.
Jose Pereira dos Santos
4 – Lendas Indígenas brasileiras – Lenda do Uirapuru
O pássaro de pluma vermelha e canto maravilhoso é atingido pela flecha de uma donzela apaixonada, transformando-se num belo e forte guerreiro.
Porém, um feio e aleijado feiticeiro enciumado, possuidor de uma flauta encantada, através de sua linda música faz com que o jovem desapareça, restando somente sua bela voz na mata. Dificilmente vemos o uirapuru, mas ouvimos com frequência seu canto unico.
Misteriosa ave de canto lendário, quando o Uirapuru canta, todas as outras aves ao redor se calam e quem ouvir sentirá muita paz.
Poucos dizem ter conseguido ver e ouvi-lo cantando, porém descrevem sua plumagem de formas diferentes, confirmando assim uma Lenda que diz, “quando ele permite que o vejam”, aparece sempre disfarçado para confundir com outras aves.
Poema: Uirapuru – Jose Pereira dos Santos
Mais um poema de Jose pereira dos Santos, esse sobre o passaro que só canta em apenas 15 dias do ano.
Uirapuru-verdadeiro
Uma ave de plumagem simples
Tamanho quase insignificante,
Alegra toda a floresta
Com seu canto exuberante.
Um pássaro quase invisível,
Som que alegra o coração.
Produz notas maravilhosas
Próximas da perfeição.
A voz longa e melodiosa
Determina nobre intenção.
Atrair para o acasalamento,
Da fêmea chamar a atenção.
Porém o canto curto e forte
Embora exerça fascínio,
Tem outro significado,
Território em domínio.
A floresta silencia,
Para ouvir este cantor
Ao som da bela melodia
Do uirapuru professor.
Jose Pereira dos Santos
5 – Lendas Indígenas da Amazônia – Pirarucu
O pirarucu é um peixe de água doce enorme que pode crescer até três metros de comprimento e pesar mais de 200 kg.
Suas escamas são grandes e rígidas o suficiente para serem usadas como lixas de unha, e sua carne é bastante valorizada. Os nativos acreditam que esse animal incrível, considerado uma iguaria, foi uma vez um guerreiro humano da tribo Uaias.
De acordo com o mito, Pirarucu era um bravo guerreiro, mas não tinha coração; era excessivamente vaidoso e orgulhoso de sua posição como filho do chefe. Ele criticava os deuses e, quando seu pai estava fora, assassinava moradores locais sem motivo.
Tupã (o “deus dos deuses”) se cansou desse comportamento e ordenou uma tempestade para derrubá-lo.
Pirarucu estava pescando quando viu a tempestade vindo em sua direção, mas somente debochou dela.
Enquanto os outros moradores correram de medo, um raio atingiu Pirarucu e jogou-o no rio Tocantins, onde ele foi transformado no peixe intimidante.
Poema: Pirarucu – Jose Pereira dos Santos
Mais um poema do Jose pereira, este que fala sobre o gigante de águas doces, uma lenda bem curiosa, sobre esse peixe que ainda não tá em extinção…
Pirarucu
O maior peixe de escamas,
Que na água doce se viu.
Presente em águas claras,
Habita em lagos e rios.
Nas águas calmas ele fica,
Não gosta de correnteza.
Pra comer prefere peixe,
É carnívoro por natureza.
Com grande valor nutritivo
Feito manta como bacalhau
Torna-se importantíssimo,
Para a culinária regional.
Geralmente durante a seca,
Formam casais e fazem ninho.
Porém reproduz na enchente;
O macho com grande carinho.
Por aproximadamente seis meses
Tem que proteger os filhotinhos
Eles nadam em torno do pai.
Até que se defendam sozinhos.
O pirarucu aqui na Amazônia
Está ameaçado de extinção.
Para evitar a ação predatória,
Tem pesca proibida na região.
A produção em cativeiro
Veio como boa solução.
Mantem e melhora a espécie
Pelo manejo e reprodução.
Dá excelente rendimento,
Virou produto de exportação.
Jose pereira dos Santos
6 – Lendas Indígenas brasileiras – Mandioca
A mandioca é uma raiz cuja origem é explicada a partir de uma menina chamada Mani que foi enterrada numa oca. Mani, neta do cacique, era muito querida pela sua tribo. Tendo falecido durante o sono, um dia pela manhã sua mãe a encontrou morta com um sorriso descansado e encantador.
A menina foi enterrada na oca onde vivia. Inconsolável com a perda, sua mãe chorava a ponto de umedecer a terra com as suas lágrimas.
Nesse local, nasceu uma planta diferente, a qual a mãe passou a cuidar, até que um dia cavou a terra ao notar que a mesma estava ficando rachada. Ela tinha esperança de que sua filha estivesse renascendo. Ao cavar a terra, a mãe descobriu a raiz, hoje conhecida como mandioca.
Poema: A lenda da Mandioca – Jerson Brito.
Neste poema de Jerson Brito ele conta a história da raiz mais popular de todo o brasil.
A lenda da mandioca
Numa tribo certa vez
Ocorreu a gravidez
Da filha de um cacique
Sendo ela não casada
De pronto, é interpelada
Para que ao pai se explique”Com ninguém tive contato
Nunca pratiquei o ato”
Insistia a indiazinha
Pro seu pai era maldita
Pois nela não acredita
Que sina a da pobrezinhaUm sonho o chefe tem
Uma voz a ele vem:
“Na filha creia, meu caro”
Transcorrida a gestação
É menina, que emoção
O bebê branquinho, claroO espanto foi geral
Porque era especial
De cor incomum ali
Pr’aquele bebê nascido
Um nome foi escolhido
Batizaram de ManiJá era muita surpresa
A pele alva, pureza
Que a neném apresentava
Não bastasse, já sabia
Caminhar, quando nascia
Ademais, também falavaAinda com tenra idade
Ano e pouco, que maldade
Aquela pobre inocente
Sem doença, sem razão
Prostrou-se naquele chão
E dormiu eternamente
Uma morte fulminante
Sem aviso, num instante
Para aldeia grande abalo
Na própria oca enterrada
Seu sepulcro a mãe amada
Todo dia ia regá-lo
Algum tempo se passou
No dito lugar brotou
Vegetal desconhecido
Aquela terra escavaram
Contudo não encontraram
O corpo do ser querido
De novo, a tribo se espanta
Raízes grossas da planta
Naquele solo surgiram
Por fora casca marrom
Miolo de branco tom
Assustados, ele viram
Cozinharam as raízes
E, provando, bem felizes
Bradaram: “isso é presente
Por Tupã foi enviado
Merece ser celebrado
Pois mata a fome da gente”
A homenagem foi feita
A menininha a eleita
Sua memória se enfoca
Na oca a raiz nasceu
Dessa forma recebeu
Este nome: “Manioca”
Jerson Brito
7 – lendas Indígenas da Amazônia – Muiraquitã
Muiraquitã é o nome dado pelos índios a pequenos amuletos trabalhados em forma de animal, geralmente representando sapos. São feitos de pedras de cor verde, ou de minerais como a nefrita.
A lenda afirma que o muiraquitã era oferecido como presente pelas guerreiras Icamiabas (que significa “mulheres sem marido”) aos homens que visitavam anualmente a sua taba, na região do Rio Nhamundá.
Uma vez por ano, durante a festa dedicada à lua, as Icamiabas recebiam os guerreiros Guacaris, com os quais se acasalavam como se fossem seus maridos. À meia- noite, elas mergulhavam nos rios e traziam às mãos um barro verde, ao qual davam formas variadas: de sapo, tartaruga e outros animais, e presenteavam seus amados.
Retirado ainda mole do fundo do rio e moldado pelas mulheres, o barro endurecia ao contato com o ambiente. Os objetos eram, então, enfiados em tranças de cabelos das noivas, e usados como amuleto pelos guerreiros.
Poema: Muriquitã – Roseane Ferreira
O poema fala deste amuleto indígena que traz felicidade, sorte e também cura a quase todas as doença de quem o possui.
Muiraquitã
Simboliza a fertilidade
Muiriquitã: proteção e sorte
Quem porta o sente de verdade
Vindo das mãos de índias fortes
Icamiabas não tinham maridos
Na festa da Lua se davam as guerreiras
Aos Guacaris índios fortes escolhidos
Festa de Iaci durava dias inteiros.
Após acasalar ao Iaci-Uaruá iam
Nas águas serenas banhavam-se ao Luar
Em ritual do fundo do lago traziam
Punhado de barro para seus pares presentear.
Contam que ao contato do vento e luz secavam
E em imagem o barro se tornava
Enfiados em cabelos elas os entregavam
Para os Índios prêmio e proteção significava
Deu-se o nome de Muiraquitã
Que tradução exata não há
Alguns chamam “nó de pau” o talismã
Ou pedras verdes vindas do Uaruá.
Mistério amor, raça e energia.
Guarda a lenda de Iaci-Uaruá
Festa anual da lua, fertilidade no ar.
Amor ao luar, lenda e poesia!
Roseane Ferreira
8 – Lendas Indígenas brasileiras – A lenda do Guaraná
Um casal de índios pertencente a tribo Maués, vivia junto por muitos anos sem ter filhos mas desejava muito ser pais. Um dia eles pediram a Tupã para dar a eles uma criança para completar aquela felicidade. Tupã, o rei dos deuses, sabendo que o casal era cheio de bondade, lhes atendeu o desejo trazendo a eles um lindo menino.
O tempo passou rapidamente e o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e da paz e felicidade que ele transmitia, e decidiu ceifar aquela vida em flor.
Um dia, o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari se aproveitou da ocasião para lançar sua vingança. Ele se transformou em uma serpente venenosa e mordeu o menino, matando-o instantaneamente.
A triste notícia se espalhou rapidamente. Neste momento, trovões ecoaram e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe, que chorava em desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria plantar os olhos da criança e que deles uma nova planta cresceria dando saborosos frutos.
Os índios obedeceram aos pedidos da mãe e plantaram os olhos do menino. Neste lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras, cada uma com um arilo em seu redor, imitando os olhos humanos.
Poema: A lenda do Guaraná – Fabiano Timbó.
Veja este poema que conta a história dessa lenda bizarra. Escrito por Fabiano Timbó.
A Lenda do Guaraná
Um belo casal de índios
De forte tribo Manués
Viviam na paz e amor
Dia todo nos cafunés
Só um defeito tinham
Por mais que eles queriam
Ficavam no arrastapés.
Um dia estes ameríndios
Pediram ao seu deus Tupã
Uma linda criança
Para alegrar a manhã
O dia, tarde e noite
Não levaria açoite
Da tribo era o talismã.
O menino ficou lindo
Crescido, bom e amoroso
Chamava até atenção
Por ser tão maravilhoso,
Mas quando mal aparece
O firmamento estremece
Com Jurupari invejoso.
Este diabo mal fazejo
Resolveu o índio matar
Aquela pobre criança
Sem um sinal demonstrar
Transformou-se numa cobra
Escondeu-se como corda
Pra aquela criança calar.
Jurupari esperou
A criança apareceu
Caminhando no mato
Não viu quem lhe mordeu
Esmoreceu e ali caiu
Agonizando grunhiu
Sem muito sofrer morreu.
Deus Tupã enfurecido
Começou trovões soltar
Relâmpagos na aldeia
Todos a desesperar
A mãe logo percebeu
A mensagem de seu deus
E foi logo revelar.
Ordenou a aldeia de índios
Que eles fossem a orta plantar
Olhos daquele menino
Para esperar enraizar
Assim eles procederam
Daqueles olhos nasceram
Poderoso guaraná.
O guaraná é uma planta
Forte e bem poderosa
A mulher gosta de usar
Para ficar preciosa
O homem fica vistoso
Forte muito poderoso
Mesmo sendo amargosa.
Esta é a lenda que nos conta
O poder do guaraná
Todo mundo conhece
E usa para trabalhar
Aquele que desconhece
Fraco e manso envelhece
Sem do pó experimentar.
Fabiano Timbó
9 – Lendas Indígenas brasileiras – Vitória-régia.
Maraí era uma jovem e bela índia, que amava muito a natureza, diaramente admirava o anoitecer, a lua e as estrelas.
Nasceu nela, então, um forte desejo de se tornar uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, soube que Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas.
Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Maraí resolveu, então, aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que ela apareceu, Maraí, encantada com sua imagem refletida na água, foi sendo atraída para dentro do lago, de onde nunca mais voltou.
A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a em uma bela planta aquática, que recebeu o nome de vitória-régia (ou mumuru), a estrela dos lagos.
Poema: Vitória-Régia – Maria dos Santos.
O poema que segue é de autoria da Maria dos santos. Onde ela fala da linda Índia que virou flor.
Vitória-Régia
Naiá, uma linda guerreira,
Índia tupi-guarani,
Sonhava a vida inteira,
Ir ao encontro de Jaci.E a deusa lua (Jaci),
Quando, à noite, surgia,
Enchia as tabas de luz,
E as índias de alegria.Beijava sempre as índias,
As mais belas da aldeia,
E sua luz se refletia,
Nos lagos e na areia.
Oculta atrás das montanhas,
As índias que iam vê-la,
Eram ali transformadas,
Uma por uma, em estrela.
Ficavam todas tão lindas,
Brilhando no firmamento,
Que elas todas queriam
Viver aquele momento.
Naiá, a virgem guerreira,
Vivia sempre a sonhar,
Com o dia em que Jaci,
Viesse lhe encontrar.
E esse encontro, então
Mal podia esperar!
Queria virar estrela,
E a tribo iluminar.
À noite, a bela guerreira,
Cavalgava sem parar,
Subia até as montanhas,
Por Jaci a procurar.
E a lua não encontrava…
E a dor tomava-lhe o peito.
Não comia e nem bebia,
Nem pajé lhe dava jeito.
Um dia, à margem do lago,
Parou e foi descansar…
Então notou que na água,
A lua estava a brilhar!
Uma emoção tão forte
O encontro lhe causou,
Naiá se atirou ao lago,
E, no fundo, se afogou!
A lua, compadecida,
Com o coração dolente,
Transformou a bela índia,
Numa estrela diferente.
No céu estão as estrelas,
A brilhar, no firmamento,
Mas Naiá brilha nas águas,
É puro encantamento!
Uma planta muito bela,
De linda flor, com perfume
Faz com que outras estrelas,
Morram de tanto ciúme.
Vitória-régia, a planta
Com as flores perfumadas,
À noite, abrem, são brancas,
Pela manhã são rosadas.
Maria dos Santos
10 – lendas Indígenas brasileiras – Jurupari
Jurupari é a figura que aparece nas lendas tupis e também no folclore de tribos indígenas das mais diversas procedências.
Ele é o legislador, filho de uma virgem, concebido por meio do sumo do mapati (imbaúba-de-cheiro) quando ela comia essa fruta no dia em que sua ingestão era rigorosamente proibida às donzelas.
Jurupari foi o mensageiro do Sol na Terra, cujos costumes começou a reformar a fim de encontrar nela uma mulher tão perfeita que fosse digna de casar com o astro-rei.
Mas não encontrou até hoje uma criatura nessas condições, e provavelmente não a encontrará jamais, mas apesar disso prossegue em sua busca porque essa é a missão que lhe foi confiada.
Diz a lenda que se deve a Jurupari uma série de benefícios para o sexo masculino. Quando chegou à Terra o governo aqui era exercido pelas mulheres, mas ele o transferiu para os homens alegando que o matriarcado contrariava as leis do Sol.
E para que os do sexo masculino se tornassem independentes das do sexo feminino, instituiu grandes festejos em que nenhuma mulher poderia tomar parte, e segredos que somente eles poderiam conhecer.
Os usos, leis e costumes que o herói solar criou são obedecidos até hoje por várias tribos da bacia amazônica.
Poema: O Jurupari – professora Fatuca.
Quem já não teve um dia
Sonhos pavorosos ao dormir
Os temidos pesadelos
Que deles gostaríamos de fugir?
Pois os indígenas acreditam
Ser Jurupari em ação
Assustando aos humanos
Com suas maléficas visões!
É ele um ser estranho
Do humano perseguidor
Deu poder ao homem na terra
E no sono lhe causa pavor!
Muitos o confundem
Com o espírito Anhagá
Protetor dos animais terrestres
Que nas florestas vive a habitar!
Dizem ser ele o mensageiro do Sol
Foi encarregado de na terra encontrar
Uma mulher mais que perfeita
Pra com o Astro-Rei se casar!
Mas até agora nenhuma na terra
Por Jurupari foi eleita
Pra ser a esposa do Astro– Rei
Essa mulher tão perfeita!
É ele fruto da desobediência
E pra ação indígena um legislador
Muitos costumes e leis nas tribos
Foi Jurupari o criador!