Você imaginaria que patos de borracha pudessem nos ensinar lições sobre meio ambiente?
Pela única capacidade que possuem, flutuando sob a água, eles mostram a extensão da disposição irregular de resíduos nos oceanos.
Por mais que atualmente possam ser tratados como lixo, eles caíram no mar acidentalmente e serviram como um grande exemplo da força de pequenas atitudes que consideramos inofensivas.
Banheira planetária
A saga dos pequenos patos de plástico começou em 1992, quando eram embarcados em um contêiner que saía de Hong Kong com destino aos Estados Unidos.
A experiência involuntária começou com a queda acidental da caixa de transporte no mar, libertando cerca de 28.000 patos de plástico no meio do Oceano Índico.
Fabricados com um tipo de plástico que leva 500 anos para se decompor na natureza, acabaram sendo levados pelas correntes marítimas aos mais diversos – e inesperados – lugares do mundo.
Nos primeiros anos após o acidente, animais de estimação começaram a aparecer nas praias de locais banhados pelo Oceano Índico, como Chile, Alasca e Havaí.
O que não se imaginava era que, 26 anos após o episódio fatídico, esses pequenos objetos ainda estariam flutuando e aparecendo pelo mundo.
Correntes marítimas
Como os patinhos não possuem sistema de propulsão ou vontades próprias, a única maneira para que se desloquem é através das correntes marítimas, fato que despertou o interesse de alguns cientistas.
Eles passaram a rastrear o aparecimento dos animais de plástico com o intuito de determinar pontos de acúmulo de lixo nos oceanos, compreendendo de forma mais clara como se encaminham materiais levados pelas correntezas.
Um dos pesquisadores que analisaram o trajeto dos objetos, o inglês Curtis Ebbesmeyer, explicou que “eles foram feitos para não afundar e com um tipo de plástico que pode durar 500 anos para se deteriorar no mar”.
Com a repercussão do caso, o jornalista inglês Donovan Hohn resolveu escrever um livro intitulado “Moby Duck”, explicando o fato e mostrando os motivos para os brinquedinhos chegarem até as Ilhas Britânicas.
A respiração dos patinhos era tão grande por coincidência. Duas correntes oceânicas se encontram no local onde ocorreu o acidente, fazendo com que a distribuição seja globalizada.
Uma das correntes se chama Giro Subártico e, até a presença dos patinhos, os cientistas não tinham informações de quanto tempo um objeto à deriva levaria para fechar um ciclo completo em seu âmbito, que passa pela América, Ásia e Bering. Estreito.
Eles descobriram que o tempo aproximado é de 3 anos e que essa conexão permite deslocar objetos pela força das correntes até o oceano Atlântico, passando pela América do Norte, para aparecer também na costa leste dos EUA e na Europa.
Oportunidade capitalista
Algumas pessoas pareciam realmente dispostas a resgatar os bichinhos da carga perdida, fato que não passou despercebido ao antigo dono dos patinhos.
Como forma de divulgar sua marca, a loja de artigos infantis The First Years passou a oferecer R $ 100 para cada brinquedo devolvido, o que só aumentou a procura por patinhos.
Recentemente, para mostrar como tudo funcionava e também ganhar público, o respeitado naturalista inglês David Attenborough lançou 250 patinhos na costa da Costa Rica, como parte de um programa que produziu para a BBC.
A ideia era acompanhar os objetos, como aconteceu com os lançados ao mar no acidente, mas foi duramente criticado por poluir ainda mais os oceanos.
A equipe explicou a seguir, dizendo que depois de alguns dias todos os patinhos foram recolhidos.
Mesmo assim, o ressurgimento do assunto traz à tona a questão ambiental, uma vez que objetos lançados ao mar, em qualquer lugar do mundo, têm potencial para acabar em outra praia totalmente inesperada, transformando nossas águas em depósitos plásticos.
Curtiu? Conheça outras curiosidades em nosso site.